lua irrestrita

diogo amorim
May 15, 2024

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o luar desampara
as palavras, as palavras
são almas transeuntes
circulando pelos céus da boca

luar acendendo os olhos
munido de verbos
no ataque ao presente
em definitivo prescindir
saber quem é quem

quero morar numa
tapera na lua
quero o dragão
e também quero ser são
também

num tátil frisson
o sonho que canto
não está contra a maldade
mas deseja que só ele
possa maltratar

no coração de uma lua
irrestrita
se alcança um jardim do éden
que sublima das epidermes no
escuro dos edredons

ouro que coroa
segundos de açúcar
com seu vão

ninguem desconhece o perigo
quando aquilo que é muito bom
deixa a pele se acostumar.

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