o focinho gelado de Osíris
a pedra
alheia à pedra
a pedra alheia ao mar
o mar contra o mar contra
o mar
o mar alheio ao céu
céu, maresia e neblina
em eco de sulcos subterrâneos
vindos de dentro da origem
de si
a brisa no peito aberto
é o focinho gelado de Osíris
colado na nuca da mão
arredia
o que tem a pluma
a ver com o chumbo?
o ovo
com a galinha?
e o teu mundo singular
com o conjunto universal dos
mundos?
um quarto em Vila Isabel
e um nervo ocular nas
Antilhas
um quarto em Vila Isabel
e um felino
perdido em Dakar
um quarto em Vila Isabel
jockstrap e conforto
em Berlim
inferno e paraíso
comungam de precipícios
trafegam em anonimato
pelas mesmas vielas
nuas
notas agudas de flauta
são disseminadas no mel
jorram na
maquinação
por trás
de portas
entreabertas
onde antes escapava
merda
escapando rosáceo
o amor
visto que amor não é
uma areia
que se possa passar
na peneira
destronar-lhe
supõe coroar-lhe
no retardo às
moendas do dia
ao relinchar das navalhas
e sibilar de surdos minérios
no claro e bom
tom com que o
longe refaz o
perto no durante
que os comerá
uma rua é uma
sucessão de muitos
esquecimentos
mas existir é
de uma só vez
co-incidir
e tumultuar.